Gestos & Horizontes
Cinco artistas, em suas diferentes formações e interesses, vivenciaram durante 2024 a experiência de compartilhar o ateliê-moradia do artista Paulo Gaiad (1953-2016) - atualmente Acervo Artístico Paulo Gaiad. Essa experiência de pesquisa, criação e interlocuções coletivas, contemplada pelo Prêmio Elisabete Anderle de Incentivo à Cultura, foi proposta no formato de uma residência artística no primeiro semestre desde ano, contando com a participação de diferentes agentes do circuito artístico catarinense e rio-grandenses.
Paulo Gaiad, que dá nome a este espaço expositivo da Fundação BADESC, é um artista que viveu sem se deixar classificar por meio de técnicas, suportes, linguagens ou temas. Seu caráter experimental e seu contínuo interesse em residências artísticas e viagens para encontrar (coletivos de) artistas, inspirou a proposta deste projeto, ao ativar seu antigo ateliê como um lugar de encontro, de elos afetivos, de buscas incessantes e de desejos artísticos que voltam a acontecer nessa casa-arquivo-vivo, durante a residência destes diferentes artistas e suas diferentes pesquisas e gerações.
Mais do que celebrar uma inspiração ou fazer reverência a um acervo e seu protagonista, os(as) residentes trataram de desdobrar seus próprios horizontes conceituais e processuais, levando suas problemáticas adiante, seja em termos de compromisso ético consigo mesmo, ou, em última instância, enquanto artistas em relação com o mundo contemporâneo. Questionando seu mundo sensível, atuar coletivamente em um arquivo-vivo (tal como é este acervo-ateliê) demonstrou atravessamentos que só o tempo da arte poderá fazer ver.
Tal fato se deve, primeiramente, à responsabilidade de acessar um ambiente onde se encontram obras, catálogos e diversos tipos de documentação de seu antigo morador e de outros(as) artistas, assim como suas cartas, escritos, ensaios, registros de memórias, afetos, gestos e saberes.
Em segundo lugar, trata-se do compromisso de desenvolver uma investigação coerente e singular, procurando encontrar interlocuções, referências e contrapontos, ao levar em consideração tanto o arquivo único e intransferível de cada participante, como também as noções operatórias, processos e soluções de fatura.
Tudo isso demanda uma empreitada demorada e com futuros desdobramentos. Portanto, o que comparece nesta exposição coletiva pode ser, assim, só o começo.